sexta-feira, 2 de julho de 2010

Quem é que vai pagar por isso?

No rádio tocava uma música antiga do Lobão. O refrão, que dizia “quem é que vai pagar por isso?” me fez refletir sobre coisas antigas e atuais. Primeiro lembrei-me de ter ouvido alguma vez que ele havia feito esta música como uma brincadeira, mas as pessoas levaram-na a sério e ele resolveu não tocá-la por um tempo. O que talvez o cantor não tenha percebido é que esta é uma indagação tão pertinente (antes e sempre) que não há como não levá-la a sério.

As mudanças climáticas que temos acompanhado, estupefatos, fazem com que as pessoas procurem mais os culpados do que as soluções. E provavelmente achar os culpados seja a primeira solução. Infelizmente, o número de responsáveis é bem maior que o de inocentes. É só pararmos para pensar: você, seus amigos, seus parentes, seus colegas de trabalho, enfim, quantos fazem coleta seletiva, não jogam lixo pela janela do carro, não fumam, preocupam-se com o óleo de cozinha... Culpamos as grandes indústrias irresponsáveis e algumas das grandes potências econômicas (e são realmente culpadas), mas retiramos de nossas costas os sacos de lixo e o peso de nossas consciências. E então assistimos indiferentes as chuvas irregulares e abundantes em algumas regiões e que causam transtorno e medo aos habitantes das pequenas e das grandes cidades.

Muitas vezes não fazemos a nossa parte e cobramos de nossos governantes soluções para os alagamentos causados pelo nível pluvial exagerado para a época. Descobrimos, então, que a instabilidade não é apenas climática. A capital de nosso país, por exemplo, passa também por um período nebuloso. Comprovamos que uma imagem vale mais que mil palavras; ou mais do que milhões... Nossos políticos estão tão preocupados em esconder dinheiro nas meias, bolsas e cuecas que já não podemos contar com eles para nos ajudar a lutar contra um problema tão grave. E assistimos, novamente estupefatos, a tempestades que assolam a nossa fé, aumentando a desilusão já tão evidente.

Você, leitor, deve estar se perguntando se há alguma coesão neste texto; o que há em comum entre as mudanças climáticas e os escândalos políticos do Distrito Federal? É simples: os dois nos fazem perguntar quem é que vai pagar por isso.

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